Resenha do
álbum “Homem Lixo” da banda homônima.
De Rio do Sul,
surge um pessoal demasiadamente peculiar, com letras regadas a experiências
pessoais, cachaça e abordagens anticapitalistas.
O grupo de hardcore Homem
Lixo surgiu em 2010, com o intuito de apresentar músicas sarcásticas, irônicas e
cômicas, sem ambições. O nome um tanto incomum da banda, surgiu através de um
personagem que lhes chamava a atenção durante os ensaios, tratava-se de um
mendigo que era invisível aos olhos da sociedade, que defasada exclui as
pessoas marginalizadas.
Uma
característica dos músicos é a apresentação nos palcos com sacos de lixo, o que
torna o espetáculo mais ímpar. Os membros da banda são André [China] (Vocal),
Franck (Baixo e Voz), Alex (Guitarra e Vocal) e Gabriel (Bateria).
Nestes sete
anos, o grupo já lançou três Eps e um full length denominado “Homem Lixo”, no
qual possui 15 músicas, obtendo duas faixas extra, “Cubatão” e “Gás
Metano”. O disco fora lançado no ano de
2016 de maneira independente.
Abaixo está a resenha do mesmo:
A faixa de
introdução do álbum, “Abre o Olho pra Vida”, já mostra a personalidade da
banda, que traz uma sonoridade rápida e vocais fortes. A temática da letra, se
forma em tom de aviso ao repetir majoritariamente o verso que dá nome à faixa
“Abre o olho pra vida senão vai se fuder”.
A segunda
faixa, intitulada “Apagão”, apresenta vocais mais limpos concomitantes à
sonoridade sólida e ágil. A temática da letra, assim como o título expõe, trata
de forma bem-humorada as situações propiciadas pelo colapso de energia.
“Drogas
Legais”, a terceira faixa do disco, segue com vocais predominantemente limpos e
instrumental rápido durante os breves 1:15 min de música. A canção surge como
uma crítica ao intenso comércio de medicamentos que causam dependência, porém
são distribuídos de forma lícita, já que servem para nutrir a indústria
farmacêutica.
Os vocais
timbrosos dão o ar inicial de “Cachaça”. Predominantemente, a letra ressalta os
benefícios da aguardente que na música é mencionada de maneira icônica e como uma
forma de sanar os problemas. A canção possui um videoclipe com a participação
das bandas Leptospirose e Invasores de Cérebros, o mesmo obtém sete mil
visualizações no Youtube. Tal clipe foi gravado em torno de um bar na cidade de
Rio do Sul-SC.
A quinta faixa
“Úteros Malditos” trata-se de uma intro da canção seguinte “Empadinha de
gente”. Ela traz trechos de uma reportagem de 2012 que noticiava o
esquartejamento por parte de uma seita, que pregava “a purificação e diminuição
populacional”.
Continuando com
a mesma temática da intro, a sétima canção ressalta o ato de canibalismo
propagado por pessoas que se apresentavam de forma inocente, através de
atitudes clérigas, todavia se revelaram verdadeiros psicopatas. O instrumental
é uma junção de riffs brutais complementado de um vocal cru, mais intenso que
os outros.
Uma das mais
conteudistas é “Homem Lixo”, a homônima em seus instrumentos é marcada de forma
ríspida e brutal. A letra embasa a triste realidade dos moradores de rua e a
exclusão social notável da sociedade que oculta a existência de tais.
A oitava faixa
“Mais Um No Mundo” é uma metáfora com o atual cenário político nacional. A
música mostra um descontentamento de um típico cidadão brasileiro pobre, sem
esperança de futuro. A potencialidade e a agressividade são características
marcantes com a sonoridade da mesma.
“Boqueteira” é
uma canção cômica onde expõe, de forma autoexplicativa, os desejos sexuais de
uma mulher que é viciada em sexo oral. A
música é mais lenta e mantém trechos de sexo em grande parte dela.
A décima faixa
é intitulada “Gás Metano”. Ela aborda questões sobre o meio ambiente, tratando
a emissão de gases soltados pelos gados e os danos que causam à atmosfera. O instrumental é linear, pesado e árduo.
Um clássico que
não pode faltar nos shows do grupo, é a faixa “Trabalho”. A mesma exibe traços
nítidos de desigualdade social e má distribuição de renda. O trabalhador citado
na canção é a personificação da exploração frequente, enraizada na sociedade. A
sonoridade é singular e agressiva fazendo com que o ouvinte se aproxime da
realidade expressada. Ela possui duas mil visualizações no YouTube.
“Sai Que Vou
Vomitar” recria uma situação rotineira dos bares, onde a pessoa bebe demais
misturando várias bebidas e no fim regurgita e passa mal. O instrumental é caracterizado pela
celeridade e rapidez que a música se sucede.
A décima
terceira canção é denominada “Mula Manca”. A faixa mostra resquícios de
zoofilia caracterizados por um rapaz entorpecido que não conseguia controlar
seus impulsos sexuais. Os riffs são ágeis e intensos, alternando em vários
momentos da música.
A faixa
seguinte “Morte Não Tem Nome” denota a inevitabilidade da morte e sua
imprevisibilidade como nos versos “Não tente correr, não tente rezar”. São 02:02 min de petardos sonoros e
brutalidade do instrumental.
A décima quinta
música trata de uma doença transmitida pelo Aedes aegypti, a “Chikungunya”. A
canção é instrumental e interliga com a próxima faixa do disco, “Cubatão”.
A primeira canção
bônus, “Cubatão”, é um cover de Psychic Possessor. Ela ressalta um problema
ambiental, que é o descarte indevido do lixo urbano na cidade, a qual é
conhecida por já ter sido considerada a mais poluída do mundo. A banda fez um
videoclipe com restos de lixo e entulhos advindo da catástrofe ambiental, que
ocorreu devido as enchentes em Santa Catarina, no ano de 2011. O clipe obtém a marca de nove mil
visualizações.
O encerramento
do disco e a última faixa bônus é “Gás Metano”, música esta que repete, porém
possui a participação especial do ex guitarrista Márcio Schwinden que faleceu
em 2012.
A arte foi
elaborada por Renan Alves e a foto pelo ex baterista Doug Theiss.
As plataformas
virtuais da banda estão abaixo:
Facebook: https://www.facebook.com/homemlixo/
Soundcloud: https://soundcloud.com/homemlixo
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