1 01-
Primeiramente
agradeço pela entrevista. Se puderes fale um pouco de sua experiência no
underground mineiro e a sua importância para a cena de Ipatinga – MG.
Salve
Guigo! Eu quem sou grato pela oportunidade que está me dando para
me
apresentar ao público daqui, considerando a importância da Khrophus para a cena
local. Valeu mesmo! Na real, eu sou de Timóteo, fica a cerca de 25km de
Ipatinga. Ambas são cidades do Vale-do-Aço, sendo Ipatinga a cidade mais
“central”. Por um bom tempo mantive a cena de Timóteo bem ativa. De uns anos
para cá tenho me concentrado nos saraus de rua, o último evento que fiz na
pegada das bandas foi a “Festa da Morte” há dois anos, que contou com bandas de
HxCx, RAP, metal, groove instrumental, bem no dia de finados. Esses eventos me
fizeram me inteirar da cena no Leste de Minas Gerais, em Belo Horizonte e em
outras cidades do interior, assim fiz minha rede, grandes amigos, tendo me
apresentado bastante por esses locais com várias bandas, a última delas a
Atomic Fear, que também foi a primeira banda que formei com o Carlinhos Gárgula
(grande riffman!!) e retornamos às atividades há uns anos com os membros
remanescentes da Gungnir e Infarto, e acredito ter sido o momento de maior
maturidade musical de todos nós. Mas, como disse, dada falta de oportunidades
na região do Vale do Aço nos restringiu a apresentações mais pela capital. A
minha importância é a mesma que a de todos que fizeram e ainda fazem tudo
acontecer por lá, a galera que hoje estar por trás do Garajão e Cult Music Pub
é remanescente destes tempos e tem feito um esforço fudido para que coisas do
tipo ainda rolem por lá.
2 02-
Os
seus trabalhos com a Atomic Fear, Gungnir, Amnost, Atheistc e Baurette Trio
estão todos finalizados? E há algum grupo desses que está ou voltará à ativa?
Cara,
não sei se rio ou se lamento. A Gungnir por nossa própria decisão resolvemos
que não continuaria mais, era uma banda de viking metal na época e a coisa
virou toda meio que uma moda, e a gente curtia mesmo death metal e resolvemos
criar a Infarto, existe apenas uma demo da Gungnir em algum lugar na internet.
A Amnost foi uma oportunidade que tive de fazer parte de uma das formações onde
toquei com o Cantídio Fontes, da Bloody Violence, na época ele ainda andava lá
pelas minhas áreas. Eu acabei NÃO participando da gravação do EP que a banda
soltou, mas fiz parte de uma formação brilhante, com vários shows interessantes
tendo um deles sido com o Khrophus! A Atheistc, do Dilpho Castro (Silent Cry)
foi também uma oportunidade. Havia o interesse da banda fazer uma tour europeia
e o Dilpho é um grande irmão meu, assim ele me fez o convite para fazer parte
daquela formação, mas fiz apenas um show e o cretino voltou com o Silent Cry,
gravando disco, marcando shows, eles não ficam sem tocar! Mas foi uma experiência
incrível, o Dilpho, além de amigo e parceiro de muitos outros trabalhos, é um
professor dos melhores, sempre aprendi muito com ele. O Baurette Trio foi uma situação
inusitada. O Francisco Petrônio, produtor lá da região dos mais ativos, me fez
a proposta para formar a banda com outros dois músicos, todos de universos
musicais diferentes, e o Baurette Trio resistiu uns seis meses, tocando quase
todo fim de semana mais de uma vez, todos os shows diferentes uns dos outros.
Com eles eu também tocava a gaita de fole e pude explorar melhor a sonoridade
do baixo fretless, o que hoje faz uma diferença significativa no meu trabalho
com o Khrophus, mas a banda não deixou nenhum registro a não ser uns vídeos
ruins. Por último, a Atomic Fear é a minha “filha”. Primeira banda que formei,
ali aprendi a usar o gutural, posteriormente a tocar o baixo, e ultimamente
estava tocando “exatamente o que gosto de tocar”. Mas a cena na região e
consequentemente a própria banda estavam sem perspectivas e me surgiu a
oportunidade de tocar com o Khrophus. Não foi dado um “ponto final” na Atomic
Fear, e creio que nem vai ser. É uma banda que merece ter um disco gravado, eu
particularmente acho uma sonzeira! Temos um EP na internet, só falar comigo que
“tá na mão! ”.
3 03-
Em
nossa conversa, em Fraiburgo-SC há alguns meses, eu o indaguei sobre a
gradativa ascensão da segregação de estilos no meio do Rock/Metal. O que você
acha desse empecilho ainda estagnado no underground?
Acho
uma pobreza de espírito. Música é música! Eu nunca fui do tipo “panelinha”,
daqueles “eu só ando com os metaleiros”. Sempre fui bicho solto, ouço o que eu
quiser, misturo com o que eu quiser, e percebo que é isso que deixa as coisas
interessantes. As próprias linguagens musicais “dentro” do universo do metal
são fruto disso. A gente tem que “fazer uma limpa” nas condutas, principalmente
nas que identificamos como fascistas, fora isso, não vejo por que “segregar”
nem “por fora”, quando o assunto são outras expressões musicais, muito menos
segregar “por dentro”, quando estamos tratando do Rock/Metal.
4 04-
Onde
você teve o primeiro contato com a Khrophus?
Quando
o Alex me procurou para fazer um show da Khrophus no Vale fazem uns 8 anos,
creio eu. Vieram duas vezes no mesmo ano e até hoje comenta-se deste show por
lá!
5 05-
Já
como integrante da Khrophus, como foi o processo de entrosamento com os demais
integrantes? E como se deu o seu deslocamento para Florianópolis, houve alguma
dificuldade relacionada a isso?
Eles
já haviam ficado na minha casa, quando ainda morava com meus pais. Souberam
entrar e sair, da minha casa e na minha cidade, foram impecáveis e desde cedo
demonstraram uma boa amizade. Então as impressões sempre foram das mais
positivas e mantivemos algum contato pelas redes desde então. Quando vi o
anúncio e me candidatei a ser membro, só tive incentivo e apoio. Logo que
acertamos minha entrada na banda, vim morar na casa do Carlos, que mora na
Palhoça, e lá fiquei por três meses e agora que estou mais estabilizado estou
vivendo na Ilha. As dificuldades estão sendo ir atrás de trabalho, mas o tempo
na casa do Carlos me possibilitou fazer uma rede de clientes que tem me mantido
com meus trabalhos culinários. Musicalmente, estamos nos saindo bem! Indo para
a terceira música nova e conviver com o Adriano tem me feito crescer muito na
parte musical.
6 06-
Você
está ingressando agora no cenário catarinense, como você enxerga a “cena” e os
festivais no estado? E quais são as maiores diferenças de MG e SC nesse âmbito?
A
cena de Santa Catarina me parece mais “próxima”, e realmente aqui é a terra dos
festivais! A quantidade de bons eventos é mesmo um diferencial. Mas em se
tratando de bandas, sem querer fazer demagogia, ambos os dois lugares são
bastante expressivos, mas cresci vendo as bandas de Beagá! Gosto muito do
Chakal, Pathologic Noise, Divine Death, Mortifer Rage, cara… Então, sou mais próximo do som das bandas de
lá, meu gosto fala mais alto lá, mas tem muita banda foda nessas áreas.
7 07-
Musicalmente
falando, se puderes cite algumas bandas que são referências para você, ou até
mesmo estilos díspares que você agrega na sonoridade do seu baixo.
Hoje
minhas principais referências continua sendo o Black Sabbath, o Cannibal Corpse
e o Death, que foram as bandas que me despertaram o interesse em tocar contrabaixo.
O Six Feet Under e o Vader me influenciaram muito também. O que tem me
entortado a cabeça são o Are You God, o Gutalax, Test, Primus, tem muito mais
coisa ae… para além disso, posso citar o Elomar Figueira, o Cordel do Fogo
Encantado, Alceu Valença, Zé Ramalho, Cátia de França, Pedro Santos e Raul
Seixas. Quanto ao que eu agrego ao som do baixo, não faço nada
“intencionalmente” para “soar isso ou aquilo”, acaba saindo naturalmente graças
a estas influências. Tem muito de música latina ali, mais do que o tradicional
“blues”.
8 08- Quais
os seus novos projetos com a Khrophus?
O
de sempre! Viajar, tocar, gravar, criar, produzir. Entrei para somar em tudo
que a banda já faz!
9 09-
Eu
gostaria de agradecer em nome da Urussanga Rock Music, a disponibilidade para a
entrevista. Boa sorte na banda Hugo e conte sempre com nossa força e apoio.
Que
isso, meu véio! Não é só apoio, é troca! Ambos partilhamos da mesma
responsabilidade. Tamo na área e meus cumprimentos pelo trabalho incessante e
incentivo que a Urussanga dá às bandas! Avante, camarada!
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