No último final
de semana emergiu o caos na Fazenda Cambará. A 12° edição do OTA personificou o
tamanho que o fest tem no cenário brasileiro. O evento inclusive, explicitou
toda a força do underground catarinense e suas respectivas crias. O ar estava
cheio, o público enfurecido e as excursões a todo vapor surgindo de várias
regiões do Brasil.
Aproximadamente
1000 pessoas compareceram ao festival. Dentre elas, três mídias independentes,
a Cultura Em Peso, o Underground Extremo e nós da Urussanga Rock Music, além de
organizadores influentes de festivais como Lu Oliveira e Marcos Valério
(Iceberg Rock), Thiago Correa (Winter Knights), Danniel Bala (Agosto Negro,
Laguna Metal Fest e Tubarão Metal Fest), Adriano Ribeiro e Ariel Frenzel (River
Rock Festival), Tailana e Falcãozinho (Rock In Hell Do Campo), Dorneles Pereira
(Um Dia Livre Rock Festival) e Thomas Michel Antunes (Santana’s Sunday).
Outro ponto a
destacar foi a presença de integrantes de várias bandas que não tocaram, porém
prestigiaram, como a Somberland, Blood Eyes, Spiritus Diaboli, Dark New Farm,
Brokken, Spiritual Devastion, Silent Empire, Lacrimae Tenebris, Infernal War
666, entre outros.
Todo o público
presente pode desfrutar de vários moshes, rodas punks e reencontro com velhos
amigos. Tudo isso somado a uma ampla estrutura, um vasto camping, gastronomia vegana,
lojas de merchs, camisetas, cervejas artesanais e a apresentação de 19 bandas
de cinco estados no pavilhão.
Infelizmente por
conta de um pequeno atraso com nossa excursão, não foi possível acompanhar a
John Liar, primeira banda que subiu ao palco pontualmente e trouxe o hardcore
para o Otacílio Rock Festival.
A Legado
Frontal, prata da casa, ressurgiu para esse show trazendo o seu característico
Metalcore. O setlist do grupo mesclou músicas do EP “A Guerra Não Tem Fim”, além
de alguns covers, incluindo dois da banda Glória.
De Curitibanos –
SC, a Warhell trouxe um Death/Thrash Metal sem firulas. Diversas rodas brutais
no show dos músicos apenas caracterizaram a qualidade técnica dos
curitibanenses. Clássicos como “Dawn Of The Dead”, “Die For Thrash” e “The Lawn
Mower” marcaram a exibição deles no OTA.
Benedito Novo –
SC também tem Metal e a Cerebral Canibal que aos poucos figura-se ainda mais na
cena underground fez por merecer. Outro quesito a destacar é o fato dos músicos
exporem majoritariamente letras em português e difundir a catástrofe brutal dos
riffs. Novamente os bangers bateram cabeça e “devoraram o putrefato” ambiente
do evento.
A Misanthrope
(Death Tribute) mostrou a preciosidade de um tributo a uma das maiores bandas
de Death Metal. Muitas músicas do lado b foram executadas e a desgraceira rolou
solta.
Pela primeira
vez na serra catarinense, os orleanenses da Don Capone trouxeram o rock ‘n’
roll com pitadas de stoner, alternativo e blues aos ouvidos do público. Os
músicos tocaram canções conhecidas como “Enquanto Tudo Acontece”, “Que Seja No
Bar” e “Bastardo” além das novas canções do novo álbum, “Corpo Fechado” e “Não
Vou Me Entregar”. Os ritmos se anestesiaram e os riffs rápidos deram lugar aos
solos cadenciados.
O primeiro
grupo de fora do estado a se apresentar na noite foi o pessoal do AttracthA de
São Paulo que estabeleceu uma grande conexão com os metalheads presentes. O
show foi marcado por celeridade no instrumental nos clássicos “Unmasked Files”
e “Payback Times” e toda a potencialidade advinda de um dos prodígios do Hard
Rock/Heavy Metal nacional.
Uma das mais
aguardadas foi o grupo Justabeli que regressa novamente a serra catarinense
depois de um show realizado juntamente do NervoChaos no Macaco Astronauta em
Lages. Os paulistas mostraram que o Metal Extremo ainda exibe as raízes da
heresia e do ocultismo. As canções executadas expuseram a qualidade musical e a
destruição sonora. É claro que as músicas “Cause The War Never Ends”, “Soldiers
Of Satan” e a polêmica “Satan’s Whore” estiveram no setlist.
“Bangers
Veneram o Puro Metal” e assim se sucedeu no show do Selvageria. Realmente a
exibição do grupo foi memorável, mas é claro juntando qualidade, técnica, entrosamento
e conhecimento de Heavy Metal, o resultado não poderia ser diferente de um
verdadeiro estrondo. Os headbangers mostraram toda a fúria contida em sua
essência a cada canção tocada pelos músicos. Aos poucos surgiam mais moshes
avassaladores e músicas clássicas como “Hino do Mal”, “Selvageria” e “Trovão de
Aço” foram algumas apresentadas.
Considerada uma
das headliners do festival, o fenômeno do metal brasilense Miasthenia provou
que um Power Trio com teclado consegue alçar uma sonoridade surreal e singular.
Mesmo com alguns problemas técnicos, os músicos mantiveram seu profissionalismo
ao exibir canções clássicas do Metal Extremo brasileiro, como “Entronizados Na
Morte” e “13 Ahaú Katun”, as faixas do novo álbum, “Antípodas” e “Coniupuyaras”
e toda sua energia advinda da herege ancestralidade latino-americana.
A Gestos Grosseiros
tocou pela primeira vez no Otacílio Rock Festival e logo já conquistou seu
espaço entre os presentes. Novamente um Power Trio um pouco diferente, com um
vocalista e baterista com vocais mórbidos e sólidos mantendo uma conexão com as
guitarras de Kleber Hora e o baixo de Eduardo Ossuko. Os músicos possuem 20
anos de estradas e vários discos lançados, para a sua apresentação mesclaram algumas
músicas dos mesmos e difundiram toda a sordidez de um Metal sem escrúpulos. A cada
canção reproduzida, a interação tomava mais conta dos metalheads, tal como “The
Antichrist”, “Slaves Of Imagination” entre outros.
Obviamente que
algumas pessoas já caiam de bêbadas nos cantos do camping, porém alguns bangers
tiveram a oportunidade de presenciar a banda de Thrash Metal catarinense Red
Razor que desencadeou um colapso no evento. Mesmo com o cansaço e com a manhã
quase surgindo, os florianopolitanos mantiveram rodas e cabeças batendo durante
toda a sua exibição. “Revolution Beer”, “Wish You Were Beer”, “Napalm Pizza”, a
homônima “Red Razor” e a canção “Born South America” (essa presente no novo
disco) foram algumas das músicas difundidas pelos mesmos. Em alguns momentos do
show, o vocalista Fabrício fez discursos contra a onda separatista presente no
Sul do Brasil e também relembrando a execução da ativista Mariele Franco.
Depois de um
intenso sábado, o domingo deu suas caras com uma reunião da Up Rock
(Organização dos Festivais de Rock/Metal catarinense) onde os organizadores
compartilharam várias opiniões, expuseram sugestões e ideias acerca do futuro
dos festivais catarinenses e sobre essa nova união que tem o intuito de
fortalecer a cena, tornando Santa Catarina o estado do Rock/Metal.
Com alguns
minutos de atraso, a Atho iniciou as atividades do segundo dia. O grupo
otaciliense de Prog/Heavy Metal executou 100% do repertório autoral e tocou
músicas como “Free & Wild”, “Lost In My Voices” e “Lazyness”.
A Captain
Cornelius de Rio Do Sul – SC marcou presença em mais um festival. A partir de
releituras de clássicos e de músicas celtas e irlandesas, os músicos levaram o
público presente a dançar e se divertir regado a muita cerveja.
Um dos melhores
shows do evento ficou por conta da banda Bad Bebop de Curitiba – PR. Os músicos
advindos de grupos como Necropsya e Semblant se apresentaram pela primeira vez
com o novo projeto no OTA. O seu estilo peculiar ao mesclar Stoner, Grunge e
Metal Alternativo configurou-os a difundir um som encorpado, coeso e técnico
com pitadas de New Metal, cabendo aqui um destaque para a canção “Trouble” bem
trabalhada e célere. Em uma parte da apresentação o guitarrista desceu e foi de
encontro ao público e deixou-os extasiados com a performance.
Outro grupo
proveniente do estado de SP, a Válvera deu rapidez e agressividade aos tons de
Heavy Metal ao evento. Com a mudança de canções antes em português para em
inglês, os músicos expuseram hits como “Extinção”, “Pra Baixo dos Pneus”, “Cidade
em Caos” e a recente “Demons Of War”.
Logo em
seguida, os paranaenses da Jailor assumiram os olhares para si e com um repertório
mesclado aos dois últimos full lengths exemplificaram todos os seus 20 anos de
bagagem, sendo elas “Jesus Crisis”, “Human Unbeing”, “Stats Of Tragedy”, a
clássica “Jailor”, “Six Six Sinners” entre outros sons conhecidos. A apresentação
contou com vários fatores relevantes, como a presença de palco diferenciada do
vocal Flavio, das baquetadas rápidas de Jeff Verdani e da potencialidade das
guitarras de Marcos Araújo.
No encerramento
do festival, nada mais justo que uma grande headliner, a Taurus advinda do RJ
com seus 33 anos de estrada ainda mantém viva a chama do Heavy Metal
Tradicional. Com headbangers eufóricos e ansiosos, a banda fez um show extenso
e enérgico divulgando suas principais músicas “Massacre”, “Batalha Final”, “Mundo
em Alerta” e a nova canção “Desordem e Regresso” presente no novo disco. Com
grandes elogios tecidos pelo vocalista Otavio Augusto sobre a organização do
fest, o referido encerrou-se de forma brutal e destruidora.
Com um feedback
positivo, essa edição do Otacílio Rock Festival cravou ainda mais seu nome na
cena do Metal brasileiro. A nós da Urussanga Rock Music, o agradecimento
especial ao Denilson Luis Padilha, Eienai Souza e Nani Poluceno por toda a
confiança em nosso trabalho, receptividade e hospitalidade. Também um adendo ao
Luiz Harley Caires e a Carina Langa do Underground Extremo que dividiram
conosco algumas entrevistas e parcerias, além é claro de todo o público, dos
amigos, organizadores, nossos leitores, seguidores e a todos que acompanham
nosso trabalho. Vocês fazem a cena acontecer, o Metal precisa de nós para a
chama nunca se apagar. Valorize o Underground e compareça aos eventos!
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