O colunista Iuri Cremo agregou pontos a serem melhorados e
trouxe toda a experiência e conhecimento sobre as diversas áreas da música.
Como
foi o início de sua trajetória. E quais foram as primeiras influências que o
fizeram ouvir Rock/Metal?
Cremo: Eu
era um cara que não gostava de música, simplesmente assim hahaha. Sério, não
ouvia absolutamente nada, até que um dia na TV apareceu o João Gordo, falando o
que era movimento Punk, Hardcore e Ratos de Porão, passou uns takes curtíssimos
do som do Ratos de Porão, e ele contando sobre a ideologia da parada toda. Acabou
a matéria, desliguei a tv, troquei de roupa e fui em uma loja de discos da
cidade (Interior de Goiás - Rio Verde). Pedi um cd do Ratos de Porão, e o cara
perguntou, qual? Não tinha internet em casa, era 99 eu acho e eu não sabia
absolutamente nada sobre nada. Logo, eu disse, "o último" ahahahah,
30 dias depois chegou, me ligaram e ali começou minha história na cena.
Meu
primeiro show foi um Ultraje a Rigor, sabe como é, super interior sem cena, dificilmente
teria algo Underground. Meu primeiro contato com a cena mesmo, foi em Anápolis
- Goiás, cidade que nasci, em 2003, quando voltei a morar lá, ali aprendi
muitas coisas, conheci coisas novas, bandas pesadas do cenário goiano como
Urban Cannibals, Ressonância Mórfica e WC Masculino.
Mas
basicamente eu comecei pela banda mais foda do Brasil (na minha humilde
opinião) e só depois que fui conhecer Metal, Ramones, e todas as variações de
estilos, etc. Ratos de Porão é uma salada, é a banda de Metal mais Hardcore, e
a banda de Hardcore mais Metal, ótima forma de começar. Eu fui um susto para a
família, e um choque para a cidade, apareci de moicano e camisa do Ratos
andando pela pacata cidade kkkkk.
Com
12 anos de estrada, o Cultura em Peso é um dos principais nomes da imprensa
brasileira underground. No entanto surgiu com o nome de “Caverna Punk”. Como
sucedeu a transição do nome? E os dois projetos mantinham o mesmo propósito?
Cremo: Quando
criei o Blog eu tinha dois desejos, divulgar e impulsionar a cena, e conseguir
entrevistar bandas como Ratos de Porão e Extreme Noise Terror, bandas que eu
sempre fui fã. O Caverna Punk foi um Blog bacana que extravasou o número de
acessos que eu podia imaginar, lembro que a primeira matéria que eu fiz foi com
o saudoso Gepeto, do Ação Direta (Um clássico).
O propósito
era divulgar a cena autoral, sempre foi por este caminho, cena autoral do rock
ao metal extremo. Chegou um momento que eu precisava de um Site para organizar
tudo, porque até as buscas eram difíceis, eu usava um blogspot. Então decidi
mudar o nome, por que estava tudo mais amplo e maior do que o projeto inicial e
logo precisava de um nome novo.
Eu
sempre levei o Underground como uma forma de vida, cultura, jeito de pensar, se
expressar, pois a música é arte, e arte é cultura, então em conversas com
amigos surgiu o nome Cultura em Peso, porque eu tinha pensando em Cultura
Hardcore, cultura hc , peso da cultura, cultura metal, cultura em peso, e
acabou ficando assim como está hoje. Cultura em peso, porque eu já falava de
todos os estilos de bandas, e Underground é isso, uma Cultura em Peso.
O
que o levou a trocar Goiás por Santa Catarina? E houve alguma mudança devido a
esse fato com o C.E.P?
Cremo: Na
verdade foi Minas Gerais por Santa Catarina. Yes, eu mudei de Goiás e fui para
Minas Gerais estudar, morei 6 anos no Triângulo Mineiro, em Uberlândia, cidade
que sempre terá lugar cativo no meu coração, lá cresci como pessoal
profissional, músico, e "jornalista independente". Outra escola muito
boa da cena, conheci muita gente que faz acontecer e ama a parada de verdade,
participei da produção/execução de festivais como Jambolada, Udi Rock Scene,
Cerradão, e criei o meu próprio festival, o Cultura em Peso Fest, foi lá que o
Cultura em Peso foi criado.
A
troca MG / SC, foi por qualidade de vida, unicamente, chegou um momento que
queria novos ares, e apontei o navio para o Sul. Quando vim para cá o CEP já tinha um nome
sentado no cenário nacional, estruturado, então não senti a mudança de
ambiente, e fui muito bem recebido por pessoas do Underground. Previamente
antes da mudança busquei pela internet alguma mídia no Sul Catarinense e
conheci o Russo da A Hora Hard, e já estando aqui, o Adriano guitarrista da
Khrophus.
Lembro
que o Russo me disse "Se vier para cá sem apoiar as bandas covers vais
encontrar muitas barreiras, hehehe, mas eu como eu sei que isto é assim no
Brasil todo, não me importei, por que nossa mídia tem um foco e ele é seguido à
risca.
Na
trajetória como mídia independente, quais são as principais matérias e
postagens que você destacaria?
Cremo: Principalmente
a matéria com o Ratos de Porão:
(http://culturaempeso.com.br/2013/11/15/entrevista-com-jao-ratos-de-porao/), (Porque
veio numa conversa com o Boka baterista da banda, onde ele disse "E aí
cara, quando sai uma entrevista do Ratos no Cultura em Peso?", isso foi
muito bom pra mim.)
Destaco
a entrevista com o Extreme Noise Terror (UK) (http://culturaempeso.com.br/2012/04/04/extreme-noise-terror/) (Por que são
outros caras que eu curto muito a mais de década.)
Posso
destacar outras matérias, mas deixo claro que todas no Cultura Em Peso tem sua
importância para mim, por que o CEP é parte da minha vida:
http://culturaempeso.com.br/2012/03/18/acao-direta-2/
(A primeira matéria feita la no Caverna Punk.)
http://culturaempeso.com.br/2012/03/18/adjudgement/
(Os alemães de um hardcore poderoso.)
http://culturaempeso.com.br/2012/04/07/nueva-etica/
(A principal banda do hardcore Argentino, inclusive esta matéria era para o
Portal Revoluta a convite da DEISE, e publicamos instantaneamente em ambos os
sites)
http://culturaempeso.com.br/2012/04/08/jean-sepultura-em-uberlandia/
(Feita pelo então colunista Laurencce)
http://culturaempeso.com.br/2012/04/08/shadowside/
(a primeira via Skype)
http://culturaempeso.com.br/2012/04/14/circulo-activo/
(Gerou uma amizade que dura até hoje, fui muito recebido por eles lá.)
Quem
ai tá afim de uma matéria, grita a gente!
Quantos
colaboradores fazem parte do Cultura em Peso?
Cremo:
Hoje
temos 12, mas já tivemos 45. Busco essa reestruturação, nos últimos 3 anos eu
diminui bastante a equipe, por que eu mesmo não estava podendo direciona-los da
melhor maneira.
Com os
problemas de saúde que vieram a findar a vida do meu pai, eu mais acompanhei
ele que qualquer outra coisa, e logo não podia estar presente em eventos, ou
mesmo poder gerenciar tão bem como deveria a equipe. O Cultura em Peso nunca
parou, sempre esteve de pé, mas não da mesma forma.
Este
segundo semestre de 2018 é para buscar novos colaboradores e ter a mesma
intensidade de outros tempos.
Qual
sua visão acerca das mídias atuantes no estado de Santa Catarina?
Cremo:
Vejo
que nos últimos anos houve um bom crescimento de mídias aqui, algumas morreram
ou pararam totalmente com suas atividades. A Hora Hard expandiu suas atividades
para fora da região de Criciúma, surgiram vocês da Urussanga, o Subsolo,
Underground Extremo e tantas outras. Isto é muito bom não apenas para a região
catarinense, mas para o solo nacional, já que hoje todas atendem todo o
território e falam de bandas de todos os lados.
Entre
as mídias mais próximas vejo uma parceria legal, e uma vontade em deixar as
coisas parelhas, num apoio mutuo, algo que anos atrás era muito difícil de
conseguir. Sabemos e quem me conhece sabe que não guardo meias palavras, a cena
ainda tem muito a aprender, crescer e se unir, ainda existe muita gente com
mentalidade egoísta no cenário, e por que não dizer amador e mesquinha.
Neste
último ano vimos uma mudança radical nas produções, produtores se unirem, darem
as mãos para fazer a cena ressuscitar e este passo está dando certo, e as
mídias mais que nunca estão se apoiando, um passo à frente!
O
que há para melhorar?
Cremo: Sempre
digo que há um quadrado importante que uma das pontas nunca pode se soltar: Público,
bandas, produtores e mídias. Estes pontos devem andar em sintonia, com
mentalidade mirando adiante. Digo
com clareza, há estilos que um puxa o outro para cima, não existe aquela
competividade de "somente eu quero aparecer", se eu vou e estou
fazendo sucesso, é óbvio que eu preciso que mais gente também faça, sozinho eu não
posso representar um estilo a vida inteira.
Vejo estilos
como o Sertanejo que uma dupla abraça a outra, ajuda a gravar discos,
apadrinha, e /ou leva no show para dar uma palinha, "canta sua música aí",
abre espaço, por que eles veem claramente que se todo mundo faz sucesso, o
estilo arrebenta, fica em evidência, e todo mundo ganha, por que o Brasil é
gigante e tem sim espaço para todo mundo. Quem não se lembra de quando Titãs
deu aquela linda mão para os Raimundos? Parece que esse sentimento, essas ações
ficaram extremamente isoladas ...
Tem
muita (MUITA MESMO), muita banda que sequer compartilha o cartaz do evento que
vai tocar, toca tudo em cima da produção, não se preocupa em divulgar, chega no
evento e toca metade do repertório de covers "para chamar a atenção do
público", e sequer toca suas músicas próprias, que eles se esforçaram para
criar ou gravar. Acaba de tocar em vai embora, se não toca, nunca aparece nos
eventos, mas sempre cobra "União da cena" na internet, numa clara
apresentação de Hipocrisia. Imagina só divulgar uma matéria, dar um like numa
entrevista dela mesma, estamos falamos de coisas tão básicas que dá até
vergonha de mencionar!
E
sobre os festivais, qual sua opinião sobre o Up Rock (União dos festivais e
organizadores catarinenses) e o que o mesmo pode agregar para o cenário?
Cremo: Como
eu disse ali em cima, foi um grande passo adiante, pois, somente se unindo as
coisas andam de verdade. Sozinho você pode chegar, mas unidos, vai muito mais
rápido.
Qual
procedimento adotado para a escolha de postagens?
Cremo: O
primeiro procedimento é ser autoral, o Cultura em Peso é uma mídia autoral
desde sua criação, então é sobre isso que falamos sempre, mesmo que haja bandas
num festival por exemplo, nós só vamos falar das autorais.
Em
segundo lugar damos preferência a quem já tenha material, mas já entrevistamos
inúmeras bandas que não tem música gravada, mas tem um vídeo ao vivo no Youtube
por exemplo.
Falamos
de bandas que vão do rock ao metal extremo, e evitamos bandas de cunho gospel,
já que claramente o posicionamento do "estilo" condena o cenário
underground, por não seguir as crenças sacras. Grupos que tem ao menos um
realease, tem vantagem em ter o material divulgado, por que ao menos se você
não conhece aquele grupo, tem uma história dele ali para você ler e ter um
norte do que escrever.
Festivais
que só enviam o cartaz geralmente são descartados, tu olhas no Cartaz, não tem
cidade, nem endereço, as pessoas vão saber como e de onde é aquele evento? Tem
que vir com o mínimo de informações junto para você poder divulgar.
Temos
mais critérios, mas nada absurdo, 12 anos te dão experiência suficiente para
várias coisas do dia a dia.
Como
você avalia o Cultura em Peso hoje?
Cremo: Precisa
retomar 100% das suas atividades, conforme eu falei lá em cima, as coisas que
aconteceram com meu pai tiraram meu norte, e às vezes é difícil se recompor
100% de tudo como você deseja. O Cultura Em Peso está retornando algumas
atividades que estavam paradas, e logo voltaremos estar ao 100% em todos os
lados.
Leva
em conta também muita coisa externa, como algumas bandas que sempre esperam que
você coloque elas num pedestal e lustre os coturnos. Muita gente quer sua
resenha do álbum, do festival, mas não aceita críticas, não entende que se você
está ali, você será observado e vai ser elogiado ou criticado, é a visão de
pessoas e não a sua. Já tive banda e já levei um 6.5 de um CD, e fiquei feliz,
por que aquilo mostrou onde eu estava bom e onde estava ruim, nem tudo que foi
dito era verdade sobre meus defeitos, resta a mim ter a capacidade de saber
onde eu devo considerar e onde devo desconsiderar.
Em
relação aos novos projetos, há algo em vista?
Cremo: Há o
projeto da Assessoria de Imprensa que está pronto, só preciso colocá-lo em
prática, parceria feita com jornalista calcado dentro do cenário Underground, e
que dá aula em Universidades.
No
mais, eu me afastei de produções de eventos há alguns anos, por desmotivação
mesmo. Mas sempre me passa pela mente retornar com o Cultura em Peso Festival,
é uma ideia que está martelando. Há coisas em mente, mas ainda manterei como
segredo, por que não sei se vou colocar de fato em atividade.
Cinco
bandas Goianas.
Cremo: Pego
pelo próprio veneno? Hahahaha 5 é sempre muito pouco, e eu sempre peço quatro
hahahaha:
Urban
Cannibals (Grandes irmãos, estão no meu top de bandas favoritas)
Revolted
(Só brothers), pena que acabou.
Ressonância
Mórfica (Monstros do Death Grind nacional)
Prostibulus
(Do meu grande brother Marcelo Tattoo)
WC
Masculino (Power violence / Grind para deixar surdo)
Vou me atrever a 4 mineiras
por que tu não se lembravas de Minas Gerais hahaha:
Attero
(Só tem gente boa aqui)
FMI
Crossover (Meu parceiro Roberto, grande guerreiro da cena de Uberlândia)
Uganga
(Salve Manu Joker e família Uganga)
Disturbio
Sub Humano (Salve Enio)
Sarcasmo
(FUDIDOS)
*Krow
que infelizmente acabou.
Cinco
bandas catarinenses.
Cremo: Khrophus
(Clássico e máximo respeito)
Deadnation
(Grande Rafael)
Deadpan
(Igor \m/)
Pogo
Zero Zero (Lédis e PZZ é nois)
Dr.
Jimmy (Do gordinho mais amado do estado)
Cinco
bandas criciumenses.
Cremo:
Enemy
(Qualidade gringa)
Silent
Empire (Ivan e Ratinho batalhando)
Puredin
HC (Clássico HC)
Still
Here (Grande Barriga, Cocal, mas eu vou englobar a região hahaha)
Explícita
Revolta (Parrot, irmandade, Araranguá vide o mesmo de cima)
Cinco
festivais.
Cremo: Vou
citar cinco catarinenses e cinco de fora:
Otacílio
Rock Festival (É um clássico que nenhum banger pode perder)
River
Rock (Por um bom dia, sempre é River Rock)
Agosto
Negro (O maior do Sul Catarina)
Fear
Fest (Ojalá vuelva!)
Inferno
Metal Fest (Criciúma)
Fora do Estado:
Anápolis
Metal Fest (Sangue suor bruto, se tem medo de roda, nem chega perto!)
Udi
Rock (Uberlândia)
Cultura
em Peso (Porque é minha vida)
Goiânia
Noise (Goiânia)
Porão
do Rock (Brasília)
Em
nome da Urussanga Rock Music, agradeço a disponibilidade pela entrevista. Se
puder, deixe um recado para os leitores da mídia.
Cremo: Agradeço
a parceria e o respeito pelo CEP e por mim. Digo que o CEP fez, faz e
continuará fazendo tudo aquilo que tiver a seu alcance para apoiar a cena
Underground, sempre sendo autêntico, essa é nossa característica. Deixo abertas
as portas do CEP para quem quiser somar sendo um colaborador, não importa de
onde você seja, nem se sua cidade é pequena, se você não tem experiência, isso
não é problema, basta você ter vontade!
Agradeço
a toda equipe que sempre dá o suporte necessário e realiza as atividades para
somar. Vanessa Boettcher, Dino, Jéssica Vuaden e Manuella estão sempre na
escuta, e além de todos os demais que não dá para citar todo mundo aqui. Os
novos que acabaram de chegarem, cada um tem sua parcela neste trabalho pela
cena.
Você
que só reclama atrás do PC, faça algo pela cena que tu “tanto admiras",
some de alguma forma com os eventos, com as bandas, mesmo de casa há muita
coisa que se pode fazer.
Contatos:
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Whats:
48 9 9681-6996
Se
quiser fazer parte da família chama aí que vamos conversar.
Muito
obrigado ao espaço dado para contar um pouco do CEP aqui no Urussanga, valeu
Guigo!
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