O
quadro “Parceiros do Underground” gradativamente recebe histórias e depoimentos
ímpares sobre o cenário musical catarinense. Dessa vez, o professor, historiador
e escritor Daniel TJ explicou um pouco sobre união na cena, novos projetos da
AHH e muitos outros assuntos relacionados a música e derivados da mesma.
A
Hora Hard é uma das principais influenciadoras para a concretização do projeto
da Urussanga Rock Music que surgiu a partir de matérias seja radiofônicas ou
audiovisual mantidas pela mídia independente criciumense no início dessa
década. Então isso propiciou a ideia para a difusão da cena sul catarinense que
é bastante lembrada pelo professor abaixo na entrevista.
Quando
e como foi o início da sua trajetória no Rock/Metal?
Daniel
TJ:
Foi tardiamente em comparação com outras histórias de vida, na escola em que
estudei com bolsa, meus colegas quando tinham diskman eu nem tinha cds, quando
eu tinha alguns cds (coletâneas gravadas em pc por amigos) já havia chego os
mp3/mp4, eu me via sempre um ou dois passos atrás, mas nunca sofri bulliyng por
minha condição, isso na verdade me despertou bem cedo para problemas de classes
sociais.
Quais
eram suas maiores influências da época?
Daniel
TJ:
Na família era Raul Seixas, Jovem Guarda, Zé Geraldo e RC. Com amigos (escola e
futebol) foi CPM22, Gabriel o Pensador, Raimundos, CBJr, Planet Hemp, RATM e
depois de alguns anos chegou o hardcore californiano F2F, NOFX, Unwritten Law,
Goldfinger, Pennywise, Lagwagon e minha vida mudou com punkrock Tequila Baby,
Inocentes, RDP, Cólera e com certeza esqueci de muita coisa...
A Hora
Hard foi criada em 2004. O surgimento da mídia se deu através de qual intuito?
Houve alguma ajuda na época?
Daniel
TJ: Intuito
de tocar o que eu ouvia no meu mp3 de 2mb (tenho ate hoje como troféu) e
que eu sabia que "os pássaros de mesma plumagem sempre voam no mesmo bando" (me
parafraseando, pode né) também ouviam cada excluído das mídias tradicionais, então
criei A HORA HARD, mas já tinha criado o M.P.P.Hc (Movimento Pro Punk Hardcore)
e a rádio corredor com Grêmio Estudantil que ajudei a reerguer depois de quase
20 anos inativo no colégio estadual no qual fiz ensino médio. Ajuda teve dos
amigos (alguns gatos miados) que ouviam e iam na radio, interagiam via telefone
e sms no celular até 2007, quando comecei a levar bandas e gravações em áudio
para programa.
Como
você analisa o projeto nestes 14 anos?
Daniel
TJ:
Evolução nas eras que classifico (olha a graduação) de 2004 a 2007
com inicio, 2007 a 2011 com inicio de coberturas e entrevistas, e 2011 até a
data presente chegando a todo estado e fincando SC como cena nacional. Acho que
falta um pouco da nova geração ouvir as referencias dos sons que estão em foco
hoje, eu nunca paro de ir para fonte (não sei se pela graduação que
escolhi).
Para
você, quais são os maiores obstáculos do autoral e underground?
Daniel
TJ: Autoral
pode ser a visão de que para festas é melhor contratar cover que agrada o público,
tributos de bandas que não existem mais ou que são muito inatingíveis para fãs
é uma boa, uma ótima! O underground vejo a ‘prostituição’ da arte, com falta de
credibilidade para ‘se ele não vai vou eu...’ como o empregador e o empregado,
você é merecedor, se entrega conteúdo de qualidade, mas aí todos perdemos de
organizar e ganhar com a profissionalização do underground (termo que deve ser
revisto para não utilizar de maneira indevida).
A AHH
tinha seus programas na rádio DCE Unesc e lá levou
diversas bandas, grande parte do cenário musical criciumense passou pelos
banquinhos do programa. Há o interesse de retornar com essa parte radiofônica?
Daniel
TJ: Sempre!
Mas sempre profissional, dentro das limitações (outrora de material e concepção
de imaterial do que é musica para tantas pessoas).
Hoje a
mídia é uma das maiores no cenário independente brasileiro. Qual sua
expectativa acerca das novas mídias que gradativamente surgem?
Daniel
TJ: Beeeeeeeeeem longe de ser expoente para país,
mas vejo alguns grandes programas passando por alguns passos que A HORA HARD já
passou, e nós nos inspirando em alguns!
Há
alguma entrevista em evidência que tenha marcado esses 14 anos de AHH?
Daniel
TJ: No YouTube estatisticamente temos em entrevista de 2012 com Rodrigo e Alyand (DEAD
FISH), Chitão (Loja Pumpx) e Rafael Toldo (Stan Prod.)*, e em 2014 que é o A
Hora Hard - 10 anos hoje 25.05.2014 as 18 horas** o primeiro vídeo que o
fundador em primeira pessoa, também a entrevista dentro da radio com DF,
Aditive, Seks Collin, Killi, Hey Day (do brother cotão) ou áudio entrevistas
gravadas no mp3 player de 2mb a pilha nos shows. Mas poder entrevistar cada
artista (ídolos que me inspiram com suas letras) que eu ouvia desde a
adolescência sonhando ter banda e cantar em um festival com eles, dividir
quadro a quadro, pergunta e respostas, já imensurável ver o que consegui.
Qual
sua visão sobre o cenário catarinense autoral? E o sobre o cenário criciumense?
Daniel
TJ:
Estamos sim dentro do ‘eixo’ que antes era SP-RJ-MG-PR-RS-BA, ano após anos,
mídia após mídia, bandas e seus sons representando MUITO nossa cena
catarinense! Criciúma é a maior cidade em população do Sul, historicamente com
a descoberta do carvão houve crescimento potencial de acumulação de bens por
algumas famílias e quando há abismo social temas surgem, com isso bandas tem o
que falar (ou não, se tomarmos como exemplo Millencolin que não está nem perto
de nossos ‘problemas terceiromundista’.
O
“Raízes do Underground” é um projeto que visa em forma de documentário
registrar as figuras mais antigas do cenário HC criciumense. Como está o
desenvolvimento do projeto? Dessa fonte sairá mais alguma ideia?
Daniel
TJ:
Da cena Criciúma/Tubarão que foi onde residi maior tempo da minha vida até
aqui, está em fase de finalização das edições e postagens, já que iniciamos
procura em março 2015 e primeira gravação de depoimento em outubro, tudo muito
planejado. Com certeza virá após publicação de todos depoimentos (seriam 14 em
alusão aos 14 anos do A HORA HARD mas já superamos este número inicial) e em
primeira mão anunciamos que lançaremos DVD com a compilação e com uma pergunta
‘e a cena underground hoje? ’ Que não fora divulgada individualmente.
Com o
crescimento do neofascismo e intensificação do conservadorismo (até nas
bandas). Qual sua expectativa sobre esse assunto e se isso influencia na
escolha de alguma banda ou matéria?
Daniel
TJ: Diferente
do que alguns roqueiros que fazem roque, pregando em suas posições de
intolerância políticas, nós do A HORA HARD somos a favor da liberdade de
expressão, isso não interfere na divulgação, somos contra qualquer tipo de
cerceamento de liberdade e esperamos que estes despertem da besteira do caminho
que estão seguindo.
Cinco
bandas catarinenses.
Daniel
TJ: Ihhhhh, mas só cinco para 14 anos garimpando o
lado underground do estado, poderíamos listar 5 de cada uma das 16
microrregiões...Então será lista in memorian do litoral sul SC:
Doctor Jimmy (Imbituba), Blue Draks
(Tubarão), Feel Alive (Araranguá), Turn Off (Criciúma), Vizinhos da Glória (Içara).
Cinco
bandas criciumenses.
Daniel
TJ: Puredin, Leopoldo & Valéria, No direction,
Delonga, Guella Seca.
Cinco
parceiros do underground.
Daniel
TJ:
Urussanga Rock Music (mudando de nome ou não, seguiremos até mais além),
www.osubsolo.com (maior site do Brasil), Cultura Em Peso (onde nos inspiramos a
divulgar somente autoral), Comandante Records (selo), todos (as) artistas que
valorizam nosso trabalho e Fanzines Amigos Punks (in memorian).
Cinco
pubs.
Daniel
TJ:
Não sei bem se ‘pub’ se encaixa com cena underground em que vivemos, portanto
vai lista dos melhores picos: Taliesyn (São José) e Plataforma (Fpolis),
Marechal (in memorian) e Porão Kaos 281 (Caxias do Sul), Under beer e
Rock n Show (Içara in memorian), Buda (Tubarão) e River Rock Bar (Rio do Sul).
Uma
frase.
Daniel
TJ:
Entrevistando artistas independentes e valorizando o que é daqui desde 2004.
Em
nome da Urussanga Rock Music eu
agradeço a disponibilidade da entrevista. Se puder, deixe um recado para quem
nos acompanha.
Daniel
TJ: ‘Eu
só queria agradecer...’ (citando DF) e registrar o brilhante trabalho
jornalístico do Urussanga Rock Music. E você que fez parte, muito obrigado eu
agradeço, você que está fazendo parte prepare-se pois esse é o seu momento,
você que vai fazer parte depois de ler esta entrevista, pois gosta de som ou
expor seus ideais, e vai entrar de cabeça no bom e velho ‘do it yourself’ e
faça, faça por você, por mim, por ninguém, por todos nós! Aproveite, a vida é
uma só...
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