O jornalista Daniel
Silva criador do portal Rifferama nos concedeu uma entrevista para o nosso
quadro “Parceiros do Underground”. Esse novo projeto visa mostrar as faces que
estão por trás do nicho musical catarinense.
No bate-papo o
comunicador expôs sua visão acerca do cenário musical catarinense, suas
experiências. Além disso nos contou a história e curiosidades sobre a criação
de sua respectiva mídia:
Como foi
sua trajetória inicial no underground?
Daniel: Eu comecei a ouvir
metal em 1998 (aos 12 anos), mas ainda não tinha idade para frequentar shows, o
que foi ocorrer no começo dos anos 2000. Frequentei bastante lugares como Red
Café, Plataforma, Coliseu, Dusk e assisti muitas bandas importantes da cena
brasileira, como Angra, Sepultura, Krisiun, Imago Mortins, Khallice, Avec
Tristesse, Thuatha de Danann, entre outras.
Em
2013, você criou o Rifferama que viria a ser um dos maiores portais de música
autoral catarinense. Como ocorreu a criação da mídia e qual foi o intuito inicial?
Daniel: Eu escrevo sobre
música desde 2006, quando criei um blog na época da faculdade. Levei esse site
por alguns anos, mas nada sério. Em 2009 comecei a trabalhar no Notícias do Dia
e, aos poucos, fui colaborando com o jornal em pautas de cultura. Cobri shows
do Motörhead, Yes e Guns 'n Roses, por exemplo, escrevi críticas de discos e,
em 2013, pedi um espaço no portal da empresa para o Alexandre Gonçalves, que
era o gestor de Internet do grupo, e ele aceitou a minha ideia e deu bastante
força. O objetivo inicial sempre foi destacar a produção autoral catarinense,
mas fiz matérias (e ainda faço) de artistas de fora que se apresentam aqui,
como foi a entrevista com o Steve Vai, por exemplo, em 2015.
Com certeza para
todos que conhecem e que ouvem falar no portal, logo vem à tona a irreverência no nome. A designação “Rifferama” foi escolhida
de qual forma?
Daniel: Rifferama tem a ver
com a minha paixão pelo rock e o metal. Quem não curte um bom riff, né? Achei
que seria um bom nome e, pelo visto, acabou pegando.
Nestes cinco anos
de caminhada com o projeto, quais são as principais bandas e artistas que já passaram pelo site?
Daniel: Como temos mais de
400 matérias, tem muitos posts sobre o Dazaranha, os Skrotes, a Orquestra
Manancial da Alvorada, a Ponto Nulo no Céu, o François Muleka, a Parafuso
Silvestre, e por aí vai. Entrevistei, também, uma boa parte das bandas e
artistas que fizeram show aqui em Florianópolis nesses últimos anos: Angra,
Scalene, Supercombo, Cícero, Boogarins, Selvagens à Procura de Lei, o próprio
Steve Vai (ele fez uma masterclass), Matanza, Black Drawing Chalks, entre
outros.
Hoje, contudo
sabemos do potencial e força que Santa Catarina exerce sobre distintos estilos,
indo de Reggae a Black Metal. Qual a
maior dificuldade que você encontra na divulgação?
Daniel: A principal
dificuldade, ainda que isso tenha melhorado bastante, é conseguir informações
com as bandas. Algumas não têm release, fotos profissionais, música em qualquer
mídia digital. Tem artista que produz material, mas não está no Facebook para
divulgar o seu trabalho. Aí fica complicado, né?
Ainda sobre a cena
catarinense, como você enxerga o underground e autoral? Há interesse por parte das pessoas?
Daniel: A cena independente
nunca foi tão criativa e boa. Semana passada a NSC veiculou uma matéria no
Jornal do Almoço falando da atual música catarinense (salve Marcelo Siqueira) e
falei isso. Estamos na nossa melhor fase em termos de produção: quantidade e
qualidade. Acredito que o público, aos poucos, está caindo na real que temos
muita gente boa na nossa música.
O procedimento de escolha para
postagens se dá por qual maneira? Há um pré-requisito ou uma discussão sobre
qual banda a ser exposta?
Daniel: A maioria das
coisas que posto é de coisas que vejo nas redes sociais. Quando vejo que um
álbum saiu, por exemplo, já vou ouvir, coloco na minha playlist, atualizo a
lista de lançamentos do ano e penso se vale ou não ser resenhado. Tem bastante
gente que vem falar comigo, também, sugerir pautas, e é o que mais gosto de
fazer. Foram poucas as vezes que escrevi alguma matéria a partir de um release.
Recebo bastante, mas vou atrás de mais informações se me interesso do que li ou
ouvi. Eu gosto mais de conversar com as pessoas, por isso você pode ver que
sempre que possível as minhas matérias contam com declarações de algum
integrante da banda. Gosto de dar esse toque mais pessoal, bem melhor do que
fazer o ctrl c + ctrl v que muita gente faz. No Rifferama, todos os textos são
meus (quando não são de colaboradores, claro).
Recentemente você
participou da 6° Semana do Rock Catarinense, esse evento já configura-se como um dos mais importantes para a música
de nosso estado. Qual seu feedback sobre o festival?
Daniel: Como comentei com o
Geraldo, o organizador do evento, a SRC superou as expectativas. Foram 11 dias,
eventos para todos os tipos de público, de graça, a R$ 5 ou a Noite de Gala no
TAC, com Orquestra Manancial da Alvorada e OSSCA, que teve um preço mais caro
(R$ 25 meia-entrada). Deu um orgulho fodido presenciar toda essa movimentação e
essa galera talentosa. Teve noite metal, show de compositoras mulheres,
intervenção rap, e o festival de encerramento, na Beira-mar de São José, que é
sempre lindo. Resumindo, foi foda.
Como você
enxerga o papel da imprensa/mídia relacionada à divulgação do autoral?
Daniel: Podia ser feito
muito mais. Com exceção de iniciativas como a nossa, a "grande mídia"
aqui do estado não liga muito para a cultura. Os principais jornais estão
diminuindo cada vez mais o espaço para a música, focando no entretenimento.
Acho triste, já que temos muitos artistas de ótimo nível precisando de espaço.
Se a gente tivesse o apoio das empresas de mídia, quem sabe a história hoje
seria um pouco diferente. Mas não adianta ficar chorando, temos que fazer a
nossa parte.
Sobre a
receptividade das bandas. Nós sabemos que ás vezes acontece algum imprevisto,
de algum grupo não curtir, não compartilhar, não divulgar. Já aconteceu algo
semelhante com suas postagens?
Daniel: Isso é uma coisa
que deve frustrar a maioria das pessoas que toca um site ou blog. Vez ou outra
ainda tenho que ir na página da banda ou no perfil de algum integrante que
conheço e pedir para compartilhar a matéria. Eu não deixo quieto, não. Cobro
mesmo, afinal, "perco" o meu tempo ouvindo, buscando informações e
escrevendo. Compartilhar é o mínimo, mas tem gente que não se toca disso. Sem
citar nomes, teve banda que me mandou e-mail perguntando quanto eu cobrava para
falar dela no site. Eu ri e respondi que a divulgação não tem custo nenhum e
pedi para mandar material. Além de não mandarem informações, quando publiquei a
resenha tive que ir atrás dos caras para eles replicarem o texto. Dá pra
entender? Mas tem os bons exemplos, claro. A maioria faz as coisas certo e
ajuda bastante na repercussão que o site tem.
Cinco bandas catarinenses.
Daniel: Vou citar cinco
bandas/artistas que lançaram material nesse ano (poderia citar mais). Orquestra
Manancial da Alvorada (Florianópolis), Somaa (Joinville), Disaster Cities
(Chapecó), Molitium (Laguna) e Makalister (São José). Em tempo, fiz um post com
todos os álbuns e EPs gravados em 2018, para quem quiser ouvir e
conhecer: http://rifferama.com/ouca-todos-os-trabalhos-lancados-em-2018-em-santa-catarina/
Cinco bandas
florianopolitanas.
Daniel:
Noahs, Cobalt Blue, Carinae, Parafuso Silvestre e Monte Resina.
Cinco mídias independentes.
Daniel:
Urussanga Rock Music, O SubSolo, Cultura em Peso, A Hora Hard e Underground
Extremo.
Em nome da Urussanga Rock Music
agradeço a disponibilidade pela entrevista. Se puder, deixe um recado!
Daniel: Obrigado pelo
espaço e interesse, Guigo. Só tenho a agradecer por toda a movimentação que
vocês fazem pela música do nosso estado. Aos leitores: apoiem as bandas locais.
Vocês se surpreenderiam com a quantidade de coisa boa que está rolando aqui em
SC.
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