A designer nos contou acerca da sua trajetória no
underground e sobre os novos projetos relacionados a música.
Como foi
o seu primeiro contato com o Rock/Metal?
Nathalia: Acho que foi assim como o de muita gente: família.
Lembro que eu tinha uns
7 anos quando comecei a escutar os meus primeiros “rocks”. Conheci bandas como
Linkin Park e Cpm 22 (que estavam bem em alta na época) por meio de um primo
mais velho. Depois do primeiro contato, nunca mais parei (risos).
Quando
surgiu a ideia da criação do Coletivo Brasa?
Nathalia: Surgiu após uma proposta para armar um show do Bullet Bane
(SP) há um ano. Três amigos que já haviam tido uma ou duas experiências com
produção de shows, mas nunca se comprometido de fato como algo maior. Foi então
que eu propus a ideia do Coletivo para meus sócios (na época), ambos toparam e
seguimos com o planejamento para aquele show e para os demais que vieram a
seguir.
Qual o
intuito do surgimento da mídia e o procedimento de designação?
Nathalia: O Coletivo Brasa nunca foi visto como uma produtora de fato,
tanto que trabalhamos sem fins lucrativos. O intuito do surgimento e o
principal motivo de existência é a possibilidade de nos integrar e nos conectar
com a cena independente e autoral brasileira, de maneira que pudessemos formar
uma teia de relações com amigos, bandas, estúdios, casas de show e artistas em
geral. Como nossa visão sempre foi muito fraternal, tudo foi fluindo de forma
natural.
Quais as
principais matérias que destacaria como as melhores?
Nathalia: Todas as experiências que eu tive por meio do Coletivo Brasa
foram fantásticas, mas é claro que conforme o tempo foi passando as coisas iam
melhorando de forma gradual. Acho que o grande marco foi o começo deste ano,
onde realizamos, ao lado do amigo Felipe Conrad (Porão do Som), o “Hardcore Is
Back 5”. A partir deste evento nossa visibilidade e nossa maneira de
pensar/agir foi se tornando cada vez mais profissional. Começamos a acreditar
de verdade que o tempo investido em nossos sonhos nos levaria a algum lugar.
Mas acredito que tudo
começou a vingar de fato no segundo semestre de 2018, quando fechamos parceria
com o O’brien’s Irish Pub de Balneário Camboriú. Lá já realizamos eventos
inesquecíveis: Bullet Bane (SP), Menores Atos (RJ), End of Pipe (SC) +
Bizibeize (SC) e a incrível 1ª edição do Festival de aniversário do projeto, o
“Grrrls To The Front” com a participação do Miami Tiger (SP).
Como se
dá o procedimento de elaboração das matérias? Há algum critério utilizado?
Nathalia: Fazemos tudo com muito amor, mas como trabalhamos sem fins
lucrativos sempre optamos para eventos que sejam de total interesse nosso,
envolvendo nossos gostos pessoais. Mas de qualquer maneira sempre tentamos
ajudar quem nos procura. Se não conseguimos encaixar na nossa agenda, estamos
sempre prontos para apoiar eventos de bandas amigas de alguma forma. Indicamos
casas, realizamos divulgações em nossas mídias digitais e incentivamos a
produção artística em nossa região.
O meio
Rock/Metal tem certa predominância machista. Você já enfrentou algum
preconceito relacionado a isso por ser mulher?
Nathalia: Particularmente não me lembro de ter enfrentado algum tipo
de preconceito direto por ser mulher, na verdade comigo sempre teve muito
carinho pelos amigos que fiz por meio do Coletivo Brasa. Mas, em contrapartida,
sempre há o machismo indireto neste meio. Muita gente considera que se existe membro
homem na equipe, supostamente é ele quem toma as frentes do projeto.
Há
receptividade das bandas com o seu trabalho? Há alguma experiência negativa?
Nathalia: Desde o começo a receptividade foi enorme. Agradeço de
coração por todo apoio e confiança que as bandas depositam no nosso projeto.
Zero experiências negativas!
Como você
enxerga o papel das mídias no cenário atual independente?
Nathalia: Eu acho de extrema importância! Nós nos criamos por meio de
mídias digitais e continuamos vivos por elas. Resistimos juntos justamente pela
conexão que mantemos uns com os outros virtualmente, já que não contamos mais
com o apoio das grandes mídias de comunicação, como era no começo dos anos
2000. Infelizmente não existem mais espaços para as pessoas conhecerem o
cenário independente de forma “mastigada” como acontecia na falecida MTV, por
exemplo. Hoje as pessoas tem que procurar por isso.
Quais os
novos projetos para o Coletivo Brasa?
Nathalia: Para este ano já temos confirmado:
19/10 - Hardcore Contra
O Fascismo - Edição Baln. Camboriú: Bayside Kings (SP) + Fatal
Blow (SC) + Ataq Coletivo (SC)
17/11 - Blackjaw (SP) + Wiseman (SP)
23/11 - Bullet Bane (SP) + Manual
(SP) + Quazimorto (SC)
O cenário
HC catarinense é unido?
Nathalia: Sim! Talvez um pouco espalhado, mas considero unido sim. Ao
longo dessa curta jornada já conhecemos amigos que significam muito para a
gente e para o projeto. Gente que agrega de uma maneira extraordinária para
nossa vida profissional e só conhecemos por causa do meio. Na minha visão, é
muito duro batalhar na cena sozinho. Quanto mais amizades e mais pessoas
trabalhando nos mesmos ideais, melhor a caminhada. Sejamos cada vez mais
Coletivo!
Cinco
bandas com integrantes mulheres.
Nathalia:
Vai oito!
Naome Rita (PR), Saint Pradier (SC), Ataq Coletivo (SC), Profasia (SC),
Menage (SC), Miami Tiger (SP), Far From Alaska (RN), Deb and The Mentals (SP).
Cinco
bandas catarinenses.
Nathalia: Bizibeize, End of Pipe, O Mundo Analógico, Quazimorto,
Próspera.
Cinco festivais.
Nathalia:
Hardcore is Back (SC), Oxigênio Fest (SP), Curitiba HC Fest (PR), SWU – Starts With You (SP), Rock City Festival (SC).
Em nome da Urussanga Rock Music, agradeço a disponibilidade
pela entrevista. Se puder, deixe um recado para nossos leitores.
Nathalia: O que há de mais
precioso nos dias em que vivemos – e, principalmente na situação política em
que nos encontramos – é mostrar e sentir que ainda existem pessoas que pensam
diferente. Poder construir laços com pessoas só pelo fato de compartilhar dos
mesmos sentimentos é incrível. Melhor ainda é poder confiar e depositar as
energias positivas em quem você chama de amigo.
A gente vive em um sistema em que o
dinheiro se torna necessário sim, mas jamais podemos deixar que um pedaço de
papel controle nossas vidas. A partir deste posicionamento começamos a nos
questionar: Será que basta ter dinheiro?
Na minha visão, existem moedas muito mais
valiosas que o dinheiro. São moedas abstratas que preenchem espaços que o
dinheiro não pode comprar. E posso afirmar: não há dinheiro no mundo que pague
o sentimento de fazer a diferença!
Obrigada Urussanga Rock Music pela
oportunidade e pela visibilidade.
“Tamo junto!”
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